Translate

sábado, 11 de dezembro de 2021

CRÍTICA | IVANHOÉ, DE WALTER SCOTT

                   O Grande Romance de Cavalaria Inglesa 

                                    

                                  Escrita por Victor Hugo Sigoli de Campos em 09/12/2021


                                            

Ivanhoé foi escrito no século XIX pelo romancista escocês Walter Scott, o protagonista é o cavaleiro inglês Wilfred de Ivanhoé. O conto tem combates, traições, e conflitos entre muitos povos, elementos essenciais para literatura medieval. A introdução à dinastia Plantagenet, também conhecida por Plantageneta, sucessão de reis que governaram a Inglaterra do ano de 1154 a 1399, oriunda do Condado D’Anjou, na França, começaram seu reinado por meio do casamento da Rainha Inglesa Matilde (filha do rei Henrique I) com Godofredo V, e seu filho Henrique II que foi casado com Leonor da Aquitânia, dando sequência a linhagem da família com sete filhos, Guilherme, Henrique, Ricardo I, Matilde, Godofredo, Leonor, Joana e João.         

Brasão da Dinastia Plantagenet 




 
Rei Godofredo V 




Rainha Matilde 


























Leonor da Aquitânia 





Rei Henrique II




Vamos ler um trecho do capítulo I:

                                                           “Naquela região agradável da alegre Inglaterra que é banhada pelo rio Don, estendia-se, em época remota, uma grande floresta, cobrindo a maior parte das belas colinas e vales que jazem Sheffield e a aprazível localidade de Doncaster. Os restos dessa extensa floresta podem ainda ser vistos nas nobres paragens de Wentworth, em Warncliffe Park, e ao derredor de Rotherdam. Lá aparecia, antigamente, o fabuloso Dragão Wanthley; lá se travavam muitas das mais desesperadas batalhas, durante a Guerra das Rosas. E lá também floresceram, em tempos distantes, aqueles bandos de proscritos galantes cujas façanhas se tornaram tão populares nas canções inglesas.”

“Esse, o nosso cenário principal. Quanto à data da nossa história, refere-se a um período de cerca do fim do reinado de Ricardo I, quando o seu regresso do longo cativeiro se tornou um acontecimento que os seus desesperados súditos – sujeitos, entrementes, a toda espécie de opressões decorrentes do seu estado – mais desejavam que esperavam. Os nobres, cujo poder se tornara exorbitante durante o reinado de Estêvão e os quais a prudência de Henrique II não tinha senão escassamente reduzido a um certo grau de sujeição à coroa, haviam então, readquirido da maneira mais ampla, a sua antiga liberdade, e desprezavam a débil interferência do Conselho de Estado inglês, fortificavam os seus castelos, aumentavam o número dos seus dependentes, e reduziam tudo o que os cercava a um estado de vassalagem, procurando, por todos os meios, colocar-se à frente de forças que lhes permitissem destacar-se nas agitações nacionais que pareciam iminentes.”               

 

Invasão normanda na Inglaterra

Entre os anos 1066 – 1075, os francos comandados pelo Duque Guilherme da Normandia, invadem a Inglaterra com objetivo de dominar seu território e aumentar suas riquezas. O território britânico era povoado pelos Anglos, Saxões, Celtas e Jutos, após a guerra com os normandos, os ingleses perderam seu reinado para o Duque Guilherme e foram colonizados pelos inimigos, dividindo o país.


Inglaterra antes da invasão Normanda 




















A história acontece no século XII, durante o reinado de Ricardo I, também chamado por Ricardo - Coração de Leão, no entanto, o rei está no Oriente Médio lutando contra os exércitos muçulmanos na Guerra Santa. A ausência de Ricardo, faz seu irmão Príncipe João substituí-lo no trono. O suplente é assombrado pelo possível regresso do irmão, então, decide promover um torneio com arqueiros e vassalos, e convida a realeza saxônia, o rei Cedric, Athelstane e Lady Rowena, porém, o encontro acirra a tensão entre os dois grupos.

Antes de o evento começar João causa intriga entre judeus e saxões, constrange um idoso judeu e sua filha, por fim, humilhando os dois povos. O desenvolvimento do enredo introduz personagens misteriosos, Cavaleiro Deserdado, Cavaleiro Negro, e um Arqueiro que mora oculto na floresta. Os vilões são os lordes francos, Reginald Front - de - Boeuf, Maurice De Bracy, e o templário Brian de Bois – Guilbert. Scott descreve de forma glamorosa e apontando muitos detalhes nos castelos, florestas, e lutas corpo a corpo.

Vamos ler um trecho do capítulo XXIX:

                                                                “A sua figura gigantesca domina a multidão. Os assaltantes lançam-se de novo sobre a brecha e a passagem é disputada corpo a corpo, homem a homem. Deus de Jacob! É como o choque de duas marés enfurecidas... o conflito de dois oceanos batidos por ventos adversos!”

“Afastou por momentos o olhar da janela, como se não pudesse mais suportar o espetáculo terrível.”

“- Olha de novo, Rebecca – pediu Ivanhoé, sem compreender a causa desse gesto. – O lançamento de flechas deve ter agora diminuído, já que estão lutando corpo a corpo. Olha de novo: agora há menos perigo.”

“Rebecca lançou novamente o olhar pela janela e exclamou quase no mesmo instante.”

“- Santos profetas da lei! Front-de-Boeuf e o Cavaleiro Negro lutam frente a frente, no meio da gritaria dos soldados, que esperam o resultado do combate! O céu está do lado dos oprimidos e dos cativos!”

“Depois, lançou um grito e exclamou:”

“- Ele está por terra! Ele está por terra!”

“- Quem? Por amor de Deus! – exclamou Ivanhoé. – Dize quem caiu!”

 

“Ivanhoé” é épico e dramático, o autor enaltece as características do Romantismo, as paixões intensas, o povo, e os valores culturais e políticos da Inglaterra. A monarquia, os domínios do Estado em mãos do suserano Ricardo, um monarca corajoso e honesto, e João negligente e traiçoeiro representa a corrupção desse sistema de governo. O romance de cavalaria também é um aspecto marcante, tanto pela dinâmica entre Lady Rowena e Wilfred, a moça é receptiva ao seu pretendente, quanto pela relação entre o guerreiro Brian de Bois – Guilbert, impetuoso e orgulhoso, e deseja casar com a judia Rebecca que lhe nega o coração, o guerreiro e a donzela tornam-se inimigos.   

A religiosidade e seus efeitos na sociedade inglesa medieval, a discriminação e perseguição a integrantes de outras religiões, tal qual, aos judeus que eram julgados pelo grupo normando, por seus costumes. Também, aos muçulmanos, que eram tirados de seus países para serem escravizados pela aristocracia normanda. O Padre Lucas Beaumanoir, Grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, influi na religiosidade e política, impõe as doutrinas da instituição pelo país. 

Wilfred é o herói da obra, inglês nativo que pratica atos grandiosos, age sempre em defesa dos fracos e, leva a justiça combatendo os vilões. Walter Scott mesclou a história dos monarcas (Ricardo I e Príncipe João), dos cruzados que guerreavam em defesa de Israel e dos preceitos cristãos, as tensões entre o povo natural da Normandia e o Saxão, com o romance de cavalaria. Partindo dos seus estudos sobre eventos históricos, narrou com plausibilidade e verossimilhança, envolvendo, sobretudo os leitores que se interessam por livros épicos e medievais.                              



Rei Ricardo I 














                                                                                          


                                                                         
Príncipe João D'Anjou 














Cavaleiros Templários 



Desenho de Cavaleiro Templário 



Fontes:  Biografia de Henrique II da Inglaterra - eBiografia 

 

O que foram as invasões normandas? - Brasil Escola (uol.com.br)



Venda de Gravuras Antigas, Vistas ópticas do século XVIII e Documentos Históricos - Galerie Napoléon (Paris) (gravuras-antigas.com)




Ordem dos Templários - InfoEscola



 Fonte das Imagens: Google Imagens 



             

  Ficha Técnica 
              
  País de origem: Reino Unido   
       
 Nome: Ivanhoé