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sábado, 24 de abril de 2021

CRÍTICA HQ | CIDADE SELVAGEM, DE WARREN ELLIS E BEN TEMPLESMITH

                                                                        

Escrita em 21/04/2021 por Victor Hugo Sigoli de Campos 

Fonte Google Imagens 



A história em quadrinhos “Cidade Selvagem Vol. 1” foi publicada de 2005 a 2008 pela editora Image Comics, chegando ao Brasil em 2014 pela editora Mythos Books. Richard Fell é um investigador recém-transferido para o departamento de polícia de Snowtown, uma cidade misteriosa e violenta.

Durante os nove capítulos lemos histórias de crimes que devem ser desvendados pelo protagonista, que tem suas próprias maneiras de investigar e lidar com suspeitos, enquadrando-se no contexto predominante em Snowtown. O roteiro escrito por Warren Ellis é transgressor e o leitor compara os casos da narrativa com casos da realidade, e que são lidos em jornais ou vistos na TV. Os personagens coadjuvantes são essenciais para capturar a atenção do leitor em cada caso, a atendente do bar, Mayko, o tenente Beard, uma freira assustadora, e psicopatas se opondo ao novo policial de Snowtown.    

Os desenhos feitos por Ben Templesmith são escuros e as cenas de ação são verossímeis, retratando uma cidade soturna e perigosa. O único elemento que pouco apetece ao leitor é o protagonista, embora o motivo de sua transferência aguce a curiosidade do leitor, a abordagem a esse aspecto é dúbia, as falas “do outro lado da ponte é isso” ou “do outro lado da ponte é aquilo” são incompatíveis com a ação, arte e à história.  O suspense “Cidade Selvagem” tropeça em aspectos pontuais, mas cumpre com sua proposta ao instigar as discussões sobre o uso da força policial e o sistema de segurança pública em colapso.                                                                                                                                        


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Ficha Técnica

Nome: Cidade Selvagem  

Autores: Warren Elis e Ben Templesmith

Editora: Image/ Mythos 

Número de páginas: 168

 



                                        


sábado, 10 de abril de 2021

CRÍTICA | O ASSASSINATO E OUTRAS HISTÓRIAS, DE ANTON TCHEKHOV

                       Venha se sensibilizar pela crítica social russa

Escrita em 06/04/21 por Victor Hugo Sigoli de Campos 


O livro compila todos os contos escritos pelo contista e dramaturgo russo Anton Tchekhov entre os anos de 1894 e 1900. Reflete sobre a vida da população da Rússia cinco anos antes do início da queda do império. A maior parte da população vivia nas zonas rurais e passava por diversas necessidades geradas pela miséria, sustentando o governo, enquanto eram exploradas e escravizadas. Os personagens são complexos e problematizados. "O professor de letras" nos apresenta Nikítin, um jovem docente, às voltas com questões profissionais e sentimentais, se apaixona por uma jovem de família abastada e eles se casam. Com ironia percebemos as insatisfações e perturbações do protagonista.

"Iônitch" apresenta ao leitor o médico Dmítri Iônitch Startsev, que é recém-chegado na cidade e se torna amigo particular da família Turkin, da nobreza russa. Depois de jantar duas vezes com a família, o médico começa a criticar o modo de vida dos Turkin, e de repente decide afastá-los. Ao mesmo tempo, em que o médico desenvolve seu olhar crítico em torno da família, não percebe que ambos em seus padrões de vida são idênticos um ao outro.

"O assassinato" é um conto dramático, e aborda a vida de uma família cristã, formada por dois irmãos e o primo. A vida familiar é predominada pela violência psicológica, tornando o ambiente perigoso.

"Os Mujiques",  mujique é a palavra que nomeia a classe pobre na Rússia, o leitor conhece uma família de camponeses que mora em uma aldeia no interior do país. Com pouco dinheiro, e sem alimentos e num frio mortal, a família tenta sobreviver em condições subumanas de vida. O conto termina com os personagens se mudando para Moscou acreditando que podem ter uma vida melhor.

"Em serviço” aborda com sátira uma tragédia que já aconteceu no momento em que inicia a leitura, apresentando um médico veterano, um jovem juiz e um policial da cidade de Sírnia. O livro lança um olhar ácido aos agentes públicos no cumprimento de suas funções.

"No fundo do barranco" narra a história de uma família dona de um armazém, Grigori o patriarca da família está enfrentando problemas, mas decide deixá-lo como herança para a sua nora. A decisão de Grigori e a miséria da cidade desencadeiam um final trágico. 

Publicada em 2011, essa é a terceira edição do livro, traduzida por Rubens Figueiredo, tradutor de russo muito aclamado no Brasil.
A experiência poderia ser mais completa se tivesse contos do início da carreira de Tchekhov para compreendermos a sua transformação da comédia para o drama social, mas Figueiredo selecionou, apresentou e contextualizou as últimas narrativas do escritor, e que serve como "porta de entrada" para aqueles que não conhecem o escritor, mas podem se interessar pela sua obra.

 O contista criticou publicamente a monarquia, e precisou de ajuda de editor favorável ao império para publicar o conto "Os mujiques". Suas narrativas apresentam ao leitor um país onde a economia era agrária e os camponeses sustentavam o governo, e a relação contrastante entre os trabalhadores rurais e a idealizada, e inacessível capital Moscou.
 

   

   Ficha Técnica

   Nome: O Assassinato e outras histórias 

   Autor: Anton P. Tchekhov

   Editora: Cosacnaify

   Número de páginas: 272