O Morro dos Ventos Uivantes foi escrito por Emily Bronté em 1846 e, publicado no ano seguinte. Conta uma perturbadora história de amor, entre, o final do século XVIII e o início do século XIX, no interior da Inglaterra, protagonizada por Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff Earnshaw. A família Earnshaw é proprietária da residência Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes), nome que descreve a condição climática da região, com muitas neblinas e tempestades, ao lado, está Trushcross Grange, casa da aristocrata família Linton. O livro é referência no gênero literatura de terror ou gótica.
“Estou chegando de visitar o meu proprietário – o único vizinho que me poderá causar desassossegos. Na verdade, esta região é maravilhosa! Acreditar que, em toda a Inglaterra, não encontraria lugar tão distante da agitação mundana. Um paraíso para eremitas. E o sr. Heathcliff e eu formamos um perfeito par de vasos para partilhar fraternalmente este deserto. Que homem extraordinário! Foi enorme a simpatia que senti por ele quando, ao parar o animal, surpreendi seus olhos negros como se ocultando, desconfiados, sob as sobrancelhas, e seus dedos mergulhando ainda mais profundamente nos bolsos de seu colete, ao ouvir o nome com me apresentei.”
O senhor Lockwood é o novo inquilino de Heathcliff que é dono de Trushcross Grange, chegando em sua casa conhece-o, e Catherine Heathcliff (sua nora), Hareton Earnhshaw (seu sobrinho), Zilá (empregada), e Joseph (empregado). No entanto, os moradores não se gostam, e preterem Heathcliff que impõe sua autoridade com brutalidade e, causando desavenças. Lockwood ao perceber a agressividade que predomina na família, afasta-se e, vai se hospedar na propriedade vizinha, onde conhece Helena Dean (Nelly), que narra a história dos antecessores de Heathcliff.
Heathcliff cresce em meio às discriminações da família, e é com o jovem Hindley com quem tem muitos conflitos, que vão desde a ofensas a agressões, porque, o patriarca dos Earnshaw insiste em incluir o garoto na sua família. Quando a esposa do senhor Earnshaw morre, às desavenças na família aumentam, e Hindley sai de casa. Na adolescência, Heathcliff apaixona-se por Catherine, mas a moça o rejeita, pois, não é inglês e rico.
“ – Eu estava contando que nós ríamos. Os Linton nos ouviram e se lançaram como flechas para a porta. Houve um silêncio e depois um grito: “Mamãe! Papai! Mamãe, venha até aqui! Ó papai!”. Na verdade, eles gritaram algumas coisas mais ou menos assim. Fizemos um barulho dos diabos para aterrorizá-los ainda mais, e depois abandonamos o rebordo da janela, porque alguém estava tirando as trancas, e achamos melhor fugir. Eu puxava Catherine pela mão, apressando-a, quando de repente ela caiu. “Fuja, Heathcliff, fuja!” O diabo do cão tinha agarrado o tornozelo dela, Nelly. Ouvi o terrível rosnado dele. Ela não deu um grito...Não! Teria vergonha de fazê-lo, mesmo que estivesse espetada nos chifres de uma vaca raivosa. Mas eu gritei! Berrei maldições capazes de aniquilar todos os demônios da cristandade. Agarrei uma pedra, enfiei-a na boca do cão e tentei, com todas minhas forças, empurrá-la para dentro da garganta dele. O idiota de um criado apareceu com uma lanterna, gritando: “Aguenta, Skulker, aguenta !” Mas mudou de tom ao ver quem era a presa de Skulker. Apertou-lhe a garganta. A enorme língua arroxeada do animal pendia da boca um meio pé, e seus beiços caídos deixavam correr uma baba sanguinolenta. O homem ergueu Catherine. Ela se sentia mal, não de medo, tenho certeza, mas de dor. Levou-a para dentro. Acompenhei-o xingando-o e ameaçando-o. “O que foi que ele pegou”, perguntou Linton, lá da entrada. “Skulker pegou uma mocinha, meu senhor !” respondeu o criado “e há também aqui um rapaz”, acrescentou, mostrando me o punho, “ que me parece um espião! Com certeza os ladrões queriam fazê-los passar pelas janelas a fim de abrirem as portas para o bando, depois que todos estivessem dormindo, e pudessem nos matar com facilidade. Cale a boca, ladrão indecente! Você vai parar na forca por causa disso. Sr Linton, não largue sua espingarda.” “Não, não, Robert”, disse o velho imbecil. “Os patifes souberam que ontem foi de eu receber pagamentos. Pensaram que poderiam se dar bem. Entre. Tenho uma recepção preparada para eles. Ali, John, prenda a corrente. Jenny, dê um pouco de água a Skulker. Desafiar um magistrado na sua fortaleza...É apenas um menino... no entanto a perversidade está estampada no rosto dele.”
Os diálogos são pofundos, a autora descreve com detalhes às ações e os locais onde acontece a história, o leitor se sente na mansão Earnshaw, na mansão Linton, ou nas florestas de Wuthering Heights. Heathcliff e Catherine, mesmo quando estão separados não perdem a atração doentia que sentem um pelo outro, predominando sempre o desejo. O amor de Heatcliff e Catherine seria metafísico? Ou seria consequência de manipulação psicológica?
Ficha Técnica
Nome: O Morro dos Ventos Uivantes
Autor: Emily Bronté
Editora: Nova Cultural
Número de páginas: 286
Romantismo: características, fases, autores, obras, resumo (uol.com.br)
'O Morro dos Ventos Uivantes': quando a literatura é do tamanho da vida - Revista Galileu | Cultura (globo.com)