A graphic novel que renovou o Coringa
Escrita por Victor Hugo Sigoli de Campos 04/09/2022
A história em quadrinhos é protagonizada pelo Batman e aborda sua relação com seu principal inimigo, o Coringa, que após fugir do Asilo Arkham ataca o comissário Jim Gordon e sua filha Bárbara, para enlouquecê-los. Alan Moore e Brian Bolland contam visões em épocas diferentes, no presente – ano de publicação da hq – e passado, vindo a se complementarem no final.
Os flashbacks apresentam um comediante fracassado que se chama Jack, ele criar sua família honestamente, mas cede ao crime organizado para sobreviver, a arte em preto e branco de Bolland já enunciam as memórias ao leitor, e o vermelho nos camarões e capacete destacam seus conflitos internos. Moore faz referência à “O Homem do Capuz Vermelho” de 1951 e a narrativa ganha um significado maior... Na linha temporal principal o visual é colorido de forma contida, mantendo a estética dramática, alinhando cenas do passado com o presente.
Batman anda por Gotham City à procura de Jim, interroga
muitos criminosos cumprindo de forma automática à sua função de levar justiça, e
se questiona “Como duas pessoas que não se conhecem podem se odiar tanto?”. Em
uma sequência de cenas sem diálogos o leitor compreende que o herói por não ter
ajuda de seus aliados, não controla a situação. Têm referências clássicas do
cânone do personagem, antigos inimigos, Bat-Família, e Bat-sinal no telhado da
delegacia.
Me questiono sobre o envolvimento dos funcionários do parque
de diversões nos planos do Coringa, e os
dois capangas que invadem a casa de Gordon e depois desaparecem da
história, creio que tenham sido ameaçados pelo vilão...Nas duas situações prevalece a imaginação do leitor. Inteligente, insano,
engenhoso, entre tantas facetas, até a tragicômica do personagem se destaca.
Seu argumento, “todos só precisam de um dia como o que eu tive para ficar
louco”, para ele a loucura é coletiva e tenta espalhar sua ideia, e Batman
sendo a personificação da justiça é o oponente perfeito.
O título “A Piada Mortal” se refere à charada que o
Coringa conta ao Batman no final, que explica a relação e como um se sentem em relação ao outro. O
objetivo dos autores ao escreverem-na é, o surgimento da rivalidade entre um super-herói
e seu arqui-inimigo, este tornando-se um “grande vilão”, criado não apenas para
espalhar o caos e ser preso, mas ter sua ascensão e crescimento, e problematizar
também o simbólico super-herói.