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sábado, 22 de maio de 2021

CRÍTICA | CONTOS NOVOS, DE MÁRIO DE ANDRADE

 

                         Escrita em 15/05/2021 por Victor Hugo Sigoli de Campos 

O livro “Contos Novos” foi escrito por Mário de Andrade, entre 1937 e 1945, e desenvolve os personagens abordando-os psicologicamente durante meses ou em anos das suas vidas. Juca é o protagonista e narrador das histórias “Vestida de Preto”, “Frederico Paciência” e “O Peru de Natal”, em “Tempo da Camisolinha” Carlos e “O Ladrão”, “Nelson”, “O Poço” e “Atrás da Catedral de Ruão” são relatados pelo autor. “Vestida de Preto” apresenta Maria, jovem e interesse amoroso de Juca, a personagem é retratada sem estereótipos, e se destaca também a diferença de condição social entre ela e Juca como fator determinante para a relação entre os dois.  

“O Peru de Natal”, enquanto Juca e seus familiares preparam a ceia para o Natal, o leitor percebe a condição econômica em que os personagens vivem através das descrições da casa, dos preparativos e da comoção, o conto retrata com simbolismo o momento natalino. “Frederico Paciência” também é narrado por Juca, que conta o romance que teve com o Frederico durante a adolescência... Aborda com sensibilidade o amor que surge entre os dois personagens e seus três anos de relacionamento. “O Poço” apresenta os trabalhadores da fazenda de Joaquim Prestes, o conto revela-se tenso à medida que o fazendeiro ordena que os homens façam o trabalho exaustivamente, o autor desenvolve crítica social na narrativa.

“O Ladrão” o conto começa no momento em que um policial está perseguindo um ladrão pela vizinhança à noite. Aos poucos as luzes das casas vão se acendendo e os moradores começando a sair na rua, e a situação assustadora desaparece para dar espaço a uma festa, que é interrompida pela eminência do trabalho no dia seguinte. “Primeiro de maio” aborda a rotina de um trabalhador comum durante o governo autoritário de Getúlio Vargas, a preocupação e o medo de nº. 35 são as sensações dos trabalhadores da época.


                                                                                             
                                                               

       

Em “Tempo da Camisolinha” Carlos é o narrador-personagem e conta a respeito de seu desejo de mudar de gênero... O local das suas experiências é a casa na praia que frequenta com sua família. “Atrás da Catedral de Ruão”, Mademoiselle é francesa e professora de Alba e Lúcia, filhas de uma mulher rica e envolvida em política... A vida da protagonista contrasta com a das duas irmãs, que anseia em diminuir a monotonia da sua vida. “Nelson”, acontece em um bar onde quatro amigos se reúnem para conversar sobre um homem que também frequenta o local, e que teve um romance conturbado com uma paraguaia. Interpelam a relação do casal através dos comentários que foram ditos por outros sobre o homem misterioso... Que depois de passar a noite bebendo vai tenso para a sua casa, dando abertura para a interpretação dos leitores.

As histórias contadas no livro apresentam seus personagens enquanto descrevem seus cotidianos aos leitores. Os diálogos representam o modo de falar do brasileiro, aglutinando palavras, não seguindo as pontuações e repetindo de expressões populares. 

Reflete sobre o cotidiano das pessoas na época do Estado Novo e o impacto das políticas de Getúlio Vargas nos trabalhadores, vertendo o seu dia a dia em regrados, automatizados, monótonos e tensos. O autor imprime nos personagens os seus estudos de psicanálise, revelando suas angústias e perdas.         


   Ficha Técnica

   Nome: Contos Novos 

   Autor: Mário de Andrade

   Editora: Click Editora/ Jornal O Estado de S. Paulo

   Número de páginas: 160 



                                         


 

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