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sábado, 29 de julho de 2023

CRÍTICA| A MALA DE HANA: UMA HISTÓRIA REAL

   Uma mensagem de tolerância 

Por Victor Hugo Sigoli de Campos

Data: 20/06/2023





“A Mala de Hana” é um livro publicado em 2000 pela jornalista e escritora Karen Levine sobre uma menina vítima do nazismo, após ler um artigo do jornal Canadian Jewish News ela foi em busca da tradutora e professora Fumiko Ishioka para conhecer esta história. Em 1998, Fumiko coordenava o Centro do Holocausto de Tóquio, e queria que as crianças soubessem mais sobre o nazismo, então, fez contato com muitos centros históricos ao redor do mundo, e um dia recebeu um pacote contendo uma mala enviada pelo museu de Auschwitz, no material estava escrito - Hana Brady, 16 de maio de 1931, e waisekind, órfão em alemão - e deu início às pesquisas e buscas sobre Hana.  


Trecho da página 5: Nove Mesto, Tchecoslováquia; década de 1930: Nas montanhas ondulantes no meio do território da antiga Tchecoslováquia, numa província chamada Morávia, ficava a cidade de Nove Mesto. Não era grande, mas era famosa. Especialmente no inverno, quando ficava muito agitada. Pessoas de todos os cantos do país vinham esquiar. Havia corridas; havia trilhas a serem exploradas e lagos congelados. No verão, as pessoas nadavam, pescavam, passeavam de barco e acampavam.  

         Nove Mesto era o lar de quatro mil pessoas. No passado, a cidade também era conhecida pela fabricação de vidro. No entanto, nos anos 1930 as pessoas trabalhavam nas florestas e em pequenas oficinas que fabricavam esquis. Na rua principal havia um prédio imponente, de dois andares. Até o sótão tinha dois andares. No porão, uma passagem secreta levava a uma igreja na praça principal. Antigamente, quando a cidade era cercada, essa passagem era usada pelos soldados para estocar comida e suprimentos para a população de Nove Mesto 

         No andar térreo desse grande prédio ficava a maior loja da cidade. Ali, podia-se comprar quase tudo: botões, geleia, lamparinas a óleo, apetrechos para jardinagem, sinos de Natal, pedras para afiar facas, canetas e guloseimas. No segundo andar, vivia a família Brady: o pai Karel, a mãe Marketa, Hana e seu irmão mais velho George”.  

 

Duas linhas do tempo. Dois países. Duas histórias.


Trecho da página 65: Terezin; julho de 2000: Fumiko não podia acreditar. Estava muito chateada consigo mesma e com sua falta de sorte. Tinha chegado até ali e todos que podiam ajudá-la estavam de folga. “Como fui escolher justo hoje para visitar o Museu de Terezin? Como pude ser tão estúpida?”, pensou “O que vou fazer agora?”                                                                                                

Enquanto o sol esquentava-lhe o corpo, uma lágrima de frustração rolou pelo seu rosto. Decidiu voltar ao museu e recompor-se. Talvez conseguisse pensar num plano alternativo 

Quando se sentou num banco frente à recepção, ouviu um barulho. Parecia vir de um dos escritórios no final do corredor. Ali, no último escritório à direita, encontrou uma mulher com óculos no nariz, examinando um bloco de papéis.  

Assustada, a mulher quase caiu da cadeira quando viu Fumiko 

  • Quem é você? - perguntou – O que você está fazendo aqui? O museu está fechado.  

  • Meu nome é Fumiko Ishioka – respondeu. - Eu vim lá do Japão para encontrar informações sobre uma garotinha que viveu aqui Theresienstadt. Temos a mala dela em nosso museu em Tóquio.  

  • Volte outro dia – respondeu a mulher, educadamente – e alguém irá ajudá-la  

  • Eu não tenho outro dia - exclamou Fumiko. - Meu voo para o Japão sai amanhã de manhã. Por favor! - implorou – Ajude-me a encontrar Hana Brady 

A mulher tirou os óculos. Encarou a jovem japonesa e percebeu como ela estava ansiosa e determinada. A mulher tcheca suspirou.  

  • Tudo bem – disse ela. - Não posso prometer nada, mas vou tentar ajudá-la. Meu nome é Ludmilla”.  

 


Mesmo, sabendo da expansão dos nazistas, a família Brady se recusou a fugir. Conforme, foram perdendo direitos e liberdade, o pai e a mãe escolheram manter os filhos preparados para o pior, entre o outono de 1940 e a primavera de 1941, Marketa foi presa pelos soldados alemães, e pouco tempo depois Karel. Levine apresenta os Brady e a cidade em que moravam ao leitor, expõem fotos que abordam o antissemitismo, moldando o aspecto iconográfico e conferindo um caráter documental à obra


A escritora conta a história alternando entre as duas linhas do tempo, e o leitor a conhece com base nas apurações da professora japonesa. Seguimos o passo a passo de Fumiko, e Karen Levine baseou-se em suas descobertas para escrever o livro, cujo mote surge da conexão - passado e presente - com ideias em épocas diferentes que se complementam, e os jovens alunos japoneses se entristecem e se solidarizam com o sofrimento de Hana, George, Karel e Marketa. Uma reflexão sobre uma das maiores tragédias sofridas pela humanidade pelo olhar pueril e profundo das crianças.








Hana e George. 





Fumiko ensinando as crianças do Centro sobre o Holocausto.




Ficha técnica do livro


País de origem: Canadá


Nome: A Mala de Hana: Uma História Real   


Autor: Karen Levine


Editora original: Second Story Press


Ano da publicação original: 2002


Editora no Brasil: Melhoramentos


Tradução: Renata Siqueira Tufano


Ano de publicação: 2014


Páginas: 112



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